Setembro Amarelo: O Cuidado Essencial para as Mães Atípicas
- Marcelle Leite

- 8 de set.
- 2 min de leitura
Atualizado: 8 de set.

O Setembro Amarelo nos convida a refletir sobre a saúde mental e a prevenção do suicídio, trazendo à luz conversas que muitas vezes permanecem no silêncio. Dentro desse contexto, é fundamental voltarmos nosso olhar para um grupo que frequentemente permanece invisível em suas lutas diárias: as mães atípicas, aquelas que dedicam suas vidas ao cuidado de filhos com deficiência, transtornos do desenvolvimento ou condições neurológicas diversas.
A maternidade atípica carrega consigo desafios únicos e intensos. Essas mulheres enfrentam uma rotina de cuidados especializados, terapias constantes, lutas por direitos e inclusão, além da sobrecarga emocional de navegar por um mundo que nem sempre compreende ou acolhe suas realidades. A exaustão física e mental se torna uma companheira constante, muitas vezes acompanhada pelo isolamento social e pela sensação de que suas próprias necessidades ficaram em segundo plano.
O esgotamento vivenciado por essas mães transcende o cansaço comum da maternidade. É uma fadiga que permeia todas as dimensões da vida: física, emocional, social e espiritual. Muitas relatam sentimentos de solidão profunda, mesmo quando rodeadas de pessoas, e uma pressão interna constante para serem "fortes" e "resilientes" o tempo todo. Essa pressão social para serem "heroínas" pode impedir que busquem ajuda quando mais precisam.
Durante o Setembro Amarelo, é crucial reconhecermos que cuidar de quem cuida não é apenas uma gentileza, mas uma necessidade urgente de saúde pública. As mães atípicas têm taxas mais altas de depressão, ansiedade e estresse crônico. Elas precisam de redes de apoio consistentes, acesso facilitado a serviços de saúde mental e, principalmente, da compreensão de que pedir ajuda não é sinal de fraqueza, mas de autocuidado responsável.
O autocuidado para essas mães vai além de momentos de relaxamento, embora esses também sejam importantes.
Inclui ter acesso a:
respiro familiar;
grupos de apoio com outras mães que vivenciam situações similares;
acompanhamento psicológico especializado; e
políticas públicas que verdadeiramente amparem as famílias atípicas.
Significa criar uma rede onde elas possam falar de suas angústias sem julgamento e encontrar estratégias para lidar com o estresse diário.
É essencial que a sociedade compreenda que uma mãe atípica bem cuidada é capaz de oferecer melhores cuidados a seu filho. Quando ela tem sua saúde mental preservada, toda a família se beneficia.
Por isso, durante este Setembro Amarelo e além dele, precisamos ampliar o olhar para incluir essas mulheres nas conversas sobre prevenção e promoção da saúde mental.
Cuidar de quem cuida é um ato de amor coletivo é reconhecer que por trás de cada criança atípica bem cuidada, existe uma mãe que precisa também ser vista, acolhida e apoiada em sua jornada.
Que possamos, como sociedade, criar pontes de apoio e compreensão, garantindo que nenhuma mãe atípica se sinta sozinha em sua caminhada.
A prevenção do suicídio passa também por cuidar daquelas que se dedicam integralmente ao cuidado do outro, lembrando sempre que sua vida e bem-estar importam tanto quanto a vida daqueles por quem lutam diariamente.
Escrito por: Marcelle Velten
Mãe Atípica, ativista de inclusão, mentora de mães atípicas e Ceo da AtipicasMV.
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