A importância da orientação parental no desenvolvimento da criança autista.
- Marcelle Leite

- 29 de set.
- 3 min de leitura
Você já se sentiu perdido depois de receber o diagnóstico de autismo do seu filho, sem saber por onde começar? Essa é a realidade de muitos pais. O diagnóstico chega como uma avalanche de informações que se transforma em uma verdadeira montanha-russa de emoções. Sentimentos como medo, culpa, insegurança e insuficiência enraízam-se nos pais, fazendo-os oscilar entre esforços extremos e a sensação de não conseguir avançar diante dos desafios.
Mas quero tranquilizá-los, queridos pais e responsáveis: vocês não estão sozinhos nessa jornada! É completamente normal que, logo após receber e aceitar o diagnóstico, surja a vontade de recorrer a várias terapias ao mesmo tempo, acreditando que “quanto mais estímulo, melhor”. Essa reação é natural e reflete o desejo genuíno de oferecer o melhor para seus filhos. No entanto, é fundamental que a família tenha clareza sobre os caminhos a seguir, os métodos a utilizar e as terapias a serem realizadas, pois isso faz toda a diferença no desenvolvimento da criança.
É fato que terapias de qualidade e em boa frequência são importantes. Quando os pais compreendem o caminho a percorrer, definem prioridades de estímulo e entendem que o desenvolvimento infantil não segue uma linha contínua, o processo se torna mais leve, seguro e muito mais gratificante, tanto para a criança quanto para a família.
Segundo Stipp (2020), “O autismo é um espectro com habilidades e limitações, mas se o foco for as limitações, nunca enxergaremos as possibilidades.” Em minha vivência prática e segundo a literatura científica, o ambiente familiar é o primeiro espaço de aprendizagem, onde a criança absorve rotina, experiências e vivências essenciais para um desenvolvimento mais amplo e funcional. Muitas vezes, ao inserir os filhos em terapias, os pais e responsáveis acabam colocando toda a responsabilidade do desenvolvimento apenas nas mãos dos profissionais.
Essa é uma reação natural: confiamos em quem tem conhecimento técnico e repertório para atuar. Porém, como já dito, o desenvolvimento infantil é um processo contínuo. O terapeuta conhece e compreende a criança dentro da clínica ou em espaços intencionalmente planejados, mas e dentro de casa?
Durante a minha jornada, percebi que as maiores viradas de chave e os melhores resultados acontecem mediante a articulação contínua entre terapeutas, profissionais e a família. Atividades do dia a dia como oportunidades de aprendizagem Pais orientados conseguem transformar situações do cotidiano em oportunidades de aprendizagem. Exemplos:
• Refeição: estimular comunicação, autonomia (com a motricidade fina e grossa ao pegar os talheres), equilíbrio ao levar o alimento à boca, interação social e organização (iniciando e finalizando o momento do lanche com o ambiente arrumado e o lixo separado).
• Banho: trabalho motor e sensorial, promovendo autonomia e sequência de ações. Esses momentos simples tornam-se oportunidades poderosas de aprendizado e desenvolvimento para a criança.
Sempre levo comigo a frase: “Uma criança feliz, motivada e que brinca, aprende!”
A orientação parental se torna, portanto, uma ponte entre a intervenção profissional e a vivência diária, fortalecendo e potencializando o desenvolvimento dos filhos e também a relação familiar.
A escolha de um bom terapeuta, que verdadeiramente queira somar, que se interesse e ajude não só na clínica, mas também com dicas práticas para o dia a dia em casa, é imprescindível.
Se você é pai, mãe, responsável ou cuidador de uma criança no espectro autista, saiba que não está sozinho. Busque orientação, conte com bons profissionais e mergulhe nesse universo, entendendo que o desenvolvimento acontece a cada momento do dia e que cada interação é uma oportunidade de aprendizado. Compartilhe este artigo com outras famílias que também possam se beneficiar dessas orientações.
Artigo escrito por:
Beatriz de Abreu, especialista em desenvolvimento infantil em Psicologia, com atuação em ABA, CAA, Modelo Denver e Jasper.

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